Vento



Chega-me ao rosto a brisa de verão, rebelde
gostaria que viesse como um cântico sacro
leve, breve e perfumado.
Mas o vento é como o pensamento, selvagem.
Não me ouve. Não quer saber. Desafia-me. Faz-se rei.
Arde em desejos seus como bolas de sabão sem senhor
embebeda-me o sangue em desejos de amor
devora a Paz da idade do desencanto
agita os dias de água calma e incolor
inquieta as noites despidas das vestes de seiva e de pranto.


Deveriam as flores nascer por trás dos muros erguidos com suor pela mão dos homens?
Não! Não nos dias em que o sol nasce do lado certo da vida.
Mas até os muros caiem ao passar deste cântico envenenado
e os sinos dobram ao convite do seu pecado.


Vai-te brisa vai-te vento
vai-te na minha frente, voa sem fim
não deixes que a minha alma escute as palavras mornas do tempo sem lei
decide-me os passos
, guia-me o tempo
que nada mais sei que confundir-me nas tuas preces.


4 comentários:

Filipa disse...

LIndo querida crys.. amei..

bem ao teu jeito... há dias assim que nos faltam as palavras certas mas depois elas brotam e tornam.se lindos poemas como este..amei...

beijo grande querida crys ..

neia

simplesmenteeu disse...

Gosto, da brisa leve e perfumada que, como dedos, alinha o recorte das flores.
Mas, gosto também, de sentir a provocação do vento, insubmisso, a desarrumar-me os sentidos e a confundir-me os passos...

Gosto de te encontrar!

Abraço carinhoso

Artwoxis Blipovir disse...

mas é bom que assim seja, um vento eternamente indomável que nunca se deixe apanhar nas mãos senão para se acariciar. e deixar livre.

ahhh, sou como o vento.. :))

um vento que te adora minha doce crisálida.

B e i j o.

Laura Ferreira disse...

Lindo... musical e perfumado!

 
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