Ando há tempos para te contar e não sei como fazê-lo. Mas tenho que o fazer para desabitar a solidão. Encontrar as palavras, as nossas palavras perdidas no tempo é tudo o que não me tem acontecido. Será que tu sabes o que me tem acontecido? Tu, nessa dimensão, ainda és nós? Ainda sentes? Ainda vês? Ainda estás? Prometeste amar-me eternamente, agora diz-me, (preciso que me contes, se calhar não sou eu que tenho que te contar mas sim de te ouvir e é por isso que as palavras não nascem. Andará tudo trocado?) a eternidade existe ou o amor também morre e se desfaz, como a carne? Corpo, alma e coração, dizias, agora conta-me, onde está a tua alma? Na terra, junto dos teus melhores sapatos? Ou aqui, comigo? Por vezes sinto-te. Não digo sinto-te assim, literalmente. Não és sombra nem vento, nem sequer o canto daquele nosso rouxinol. Ainda não enlouqueci. Se calhar vais-te rir se te disser que te procurei na sombra de um velho castanheiro. Não brinques, quase vejo esses olhos muito abertos a reinar comigo. Vá lá, agora também me rio, sou tonta, sempre fui eu sei, mas acredita que chorei por não te encontrar. Às vezes choro por ti, às vezes não. Às vezes esqueço-me que já não és nem estás. Esqueço-me de ti. Às vezes esqueço-me até de mim. Mas num outro dia lembrei-me e fui esperar-te ao comboio das 4, aquele que perdemos a conta das vezes que deixamos partir sem entrarmos. Desta vez entrei, juro-te que entrei e quase te vi, eras tão verdade que cheguei mesmo a abraçar-te e nesse abraço o encontro da saudade e da dor, da alegria e da fome. Deste-me outra vez aquele beijo na testa. E eu gostei outra vez, tanto do beijo como de ti. Não eras bem tu, eu sei, mas parecias real. Eras assim, como a metáfora que sempre nos fez. Soube-me bem. Soubeste-me bem. Sabes-me bem. Saberás sempre bem. Um dia conto-te o quanto me sabes bem. Quando encontrar as palavras.
Metáfora de/para ti
Ando há tempos para te contar e não sei como fazê-lo. Mas tenho que o fazer para desabitar a solidão. Encontrar as palavras, as nossas palavras perdidas no tempo é tudo o que não me tem acontecido. Será que tu sabes o que me tem acontecido? Tu, nessa dimensão, ainda és nós? Ainda sentes? Ainda vês? Ainda estás? Prometeste amar-me eternamente, agora diz-me, (preciso que me contes, se calhar não sou eu que tenho que te contar mas sim de te ouvir e é por isso que as palavras não nascem. Andará tudo trocado?) a eternidade existe ou o amor também morre e se desfaz, como a carne? Corpo, alma e coração, dizias, agora conta-me, onde está a tua alma? Na terra, junto dos teus melhores sapatos? Ou aqui, comigo? Por vezes sinto-te. Não digo sinto-te assim, literalmente. Não és sombra nem vento, nem sequer o canto daquele nosso rouxinol. Ainda não enlouqueci. Se calhar vais-te rir se te disser que te procurei na sombra de um velho castanheiro. Não brinques, quase vejo esses olhos muito abertos a reinar comigo. Vá lá, agora também me rio, sou tonta, sempre fui eu sei, mas acredita que chorei por não te encontrar. Às vezes choro por ti, às vezes não. Às vezes esqueço-me que já não és nem estás. Esqueço-me de ti. Às vezes esqueço-me até de mim. Mas num outro dia lembrei-me e fui esperar-te ao comboio das 4, aquele que perdemos a conta das vezes que deixamos partir sem entrarmos. Desta vez entrei, juro-te que entrei e quase te vi, eras tão verdade que cheguei mesmo a abraçar-te e nesse abraço o encontro da saudade e da dor, da alegria e da fome. Deste-me outra vez aquele beijo na testa. E eu gostei outra vez, tanto do beijo como de ti. Não eras bem tu, eu sei, mas parecias real. Eras assim, como a metáfora que sempre nos fez. Soube-me bem. Soubeste-me bem. Sabes-me bem. Saberás sempre bem. Um dia conto-te o quanto me sabes bem. Quando encontrar as palavras.
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