Desenhei o teu corpo em papel com vista para o silêncio, ou se preferires, com o som das vozes perdidas dos velhos amores, saudadas por lençóis de puro linho nunca servidos, abertos sob janelas cobertas de musgo e nas varandas em ruínas de velhos casarios, em becos e ruas arrojadas mas sombrias, de lajes brilhantes mil vezes trilhadas mas nunca sentidas.
Desenhei-o porque não o soube esculpir. Esbocei-o incoerente, sem carne e sem nome, sem sangue e sem vida, com suor à mistura e cenas de nudez a contraluz e deixei que corresse ao vento, na continuidade do nada que aprisiono no peito e tatuo na pele, com a urgência habitual de quem tudo quer nada querendo. Foi (uma vez mais) um crime exemplar: Tu ficaste inacabado e cruel. E eu desejo-te com uma intensidade que dói!...
3 comentários:
Que maravilha!
Beijo :)
gosteiiii|
"com o som das vozes perdidas dos velhos amores"
tão bonito...
boas escritas:)
abraço.
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