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Inventa-se no amor as mãos
que se fazem mãos e se tocam
e nas palavras os sorrisos
que disfarçam o peso da ira
Inventa-se perdão para a incoerência
e mascaras para o egocentrismo
Inventa-se
que o baralho não é viciado
e que cada carta tem um valor
mesmo num jogo sem regras ou instruções
Numa estranha loucura
finge-se acreditar
no tanto que (não) se constrói
pelo vento que sopra sem alma
e inventa-se uma vez mais
formas e cores (felizes)
que magicamente seguram o tempo
num pouco mais de prazer
Inventam-se as horas e as despedidas
que a pouco e pouco se fazem reais
pelo retalhar do verbo ser
que transforma o sentir
numa imperfeita colcha de retalhos
que nem o corpo protege …
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7 comentários:
Eu acho que somos um invento...
Sobram as mãos para nos despertar os sentidos e o olhar para nos demonstrar a saudade...
O resto são ilusões de óptica, ou fugazes raios de luz a incidir...
Há quem lhes chame máscaras ou retalhos ou momentos.
Eu acho que somos um invento…
e de invenção em invenção se descobrem as coisas indispensáveis. desbrava-se o inútil, grita-se por cima de quem diz que não pode ser, e consegue-se.
talvez um dia destes se invente um ser humano sem máscaras, sem vícios, sem ira ou demência. só não sei se esse dia não será o fim de todos nós.
muito muito bonito, e tão verdadeiro!
E é no inventar de tudo isso que, possivelmente, nos inventamos a nós mesmos.
Lindo, Sónia!
:)))
surpreendida.
eu, claro. Com este retalho d'alma.
beijo
Já que somos no mal participantes
sejamo-lo no bem, ah! quem me dera
que fossemos em tudo semelhantes!
Lá virá então a fresca Primavera,
tu tornarás a ser quem eras dantes
eu não sei se serei quem dantes era!
Luís Vaz de Camões
Olá minha querida,
estive muito tempo afastada da blogosfera, agora sinto que é tempo de regressar, de dar mais atenção a pessoas que durante um tempo difícil da minha vida conseguiram fazer dela um momento suportável.
E como não poderia deixar de ser, não menosprezando nenhum outro, este teria de ser o meu primeiro refúgio.
Identifico-me muito com este teu post... pois grande parte da minha vida foi feita de máscaras, de sorrisos a disfarçar lágrimas, de coragem a encobrir medo.
Vou voltando aos poucos, prometo... e desta vez não é uma promessa vã. Eu vou cumprir.
ADORO-TE,
Jana
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