Para ti, minha deusa de Maio


Tu sabes o quanto gosto de recordar…e de bailar contigo, naquela dança bem antiga que é tão nossa. Rio-me. O tempo passa, a água em imparável agitação, a vida em constante mutação. Mas nós ainda estamos aqui. E estaremos, eu sei, porque foi Fátima que nos abençoou… e a chuva, rs. A nossa famosa chuva, no santuário, junto ao mar e no moinho. A chuva na cidade, em casa, nos veleiros... Chovia naquela nossa cerimónia? Não sei, acho que sim. São já tantas memórias …como este texto, lembras-te? Recordá-lo hoje, é o teu presente de aniversário, espero que gostes.






Ah…dão chuva para hoje.


"O teu Maio"



“Escreve mulher ! É uma ordem! E dá a conhecer as tuas letras ao Homem que lê!”



Passou da hora minha Deusa. Não sabes tu que as palavras têm tempo e vida própria? Oh, se tudo fosse da forma que um dia sonhei!... A cada meia-noite eu pegaria nas letras como se de um filho se tratassem e por magia transformá-las-ia num só verbo, naquele verbo sereno da verdade absoluta que não se traduz.


Hoje, se o tempo não fosse subjectivo, as palavras surgiriam sem pontos de interrogação, não importaria o sentido nem que alguém o encontrasse para além de mim. Mas no meu relógio de vento já não habitam as palavras, já não mato na escrita breves instantes que não o são, os mil fragmentos coloridos de cristal, as pedras de sal, a meiguice do ser, do sentir, do viver, hoje não vão além de um sopro de sonhos sepultados, esquecida que foi a ousadia de seguir a vida em contramão, ultrapassada que foi a necessidade de lutar contra moinhos de vento.


Como eu queria minha Deusa ainda assim conseguir falar de quimeras através da magia de um teclado que tantas e tantas vezes voou debaixo dos meus dedos sem que dele desse conta no devaneio de tantos sabores sentidos, repletos de odores e sabores exóticos e amordaçados. Sim, faz-me falta o bailado dos dedos e foi pela saudade dele e por ti, por nós as duas e por aquela dança louca que um dia nos prometemos que aqui voltei esta noite, às palavras, ainda que sem magia, numa talvez vã tentativa de matar uma vez mais sentires contraditórios inspirados numa madrugada morna de Maio. Do teu Maio, deste mesmo onde vieste buscar-me!...
(importará quando foi escrito?)
Um beijo para ti

3 comentários:

simplesmenteeu disse...

Concordo contigo! As palavras têm um tempo e uma vida própria. Não chegam quando nós as chamamos. Porque são livras e voam para além de nós.
Não importa o tempo. Importa o sentimento que as fez nascer e algus, tornam-se eternos.
As deusas têm todo o tempo do mundo. É delas o nosso coração e voam todos os dias pela nossa alma.

Parabéns a um anjo/deusa!
Parabéns ao teu texto e à tua forma de falar Amor

Dois abraços fortes e carinhosos

tulipa disse...

BELÍSSIMO o que escreve!
Fico rendida...

Como vive em AVEIRO, é um pulinho até ao PORTO;
vou fazer-lhe um CONVITE e gostaria que fosse aceite.
Caso compareça faça-se anunciar pois gostaria de o conhecer pessoalmente.

CONVITE:
Estive 5 dias isolada do mundo, num encontro espiritual comigo mesma, num monte alentejano e, por isso tenho que muito rapidamente divulgar a minha próxima exposição de fotografia.

Desta vez será no “Norte” a pedido de várias pessoas, em Fevereiro passado, quando foi a minha 1ª exposição individual aqui próximo de Lisboa, na margem sul.
Como gosto de desafios, houve “alguém” que me desafiou e disse que colaborava, nem pensei 2 vezes e decidi tratar do assunto em Abril passado.

Chegou Setembro e será a minha rentrée cultural.
Fica o convite para quem vive perto e noutros casos, em que a distância impossibilita a presença de tantos bloggers, fica a participação do evento.

Venho reforçar que teria todo o gosto em que estivesses presente na minha rentrée.
Será muito próximo do Porto, em S. Mamede de Infesta.

Acabei de fazer a divulgação no meu blog.

Abraços, TULIPA

Eme disse...

Não importa quando foi escrito. Tantos Maios o li que te sei de cor. Virei de novo buscar-te, um dia, para a dança prometida, não haverá moinho que me trave, nem pedra que me sepulte enquanto o tempo não nos vir a dançar.

 
©2009 Amêndoa Amarga | by TNB