À deriva

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Apaguei-te. Fiquei sem escolha…tinha que me perder de ti.


E ao perder-te, desencontrei-me.

Fecho os olhos. Tenho medo. Confesso-te, já não sei ser eu. Falta-me o sal. Falta-me a fúria. Falta-me a força. O gosto do riso. O cheiro a alecrim. E o teu ar de refugiado, despenteado, alucinado, que me desorientava... e me ensinava o caminho.


As noites hoje nascem sem alma porque os dias ficaram contigo… e a praia, morta aos meus pés… não consigo arrancá-la do desenho que pintámos a fogo e a sangue. Nem as grades e os véus e todas as metáforas da madrugada. Resta tudo neste registo. Tudo, menos tu.


As palavras mordem-me a alma. Nascem sem harmonia. Esgotam-se sem que consiga fazer delas meu coração. São como um rio sem foz para desaguar. Muita água à deriva e eu com tanta sede de ti. E os verbos não me saciam. E a vida não me preenche. Apenas me repete o vazio, eco indestrutível e cruel.


É verdade, apaguei-te, como teve que ser. Sem saber porquê, sem opção… Assim me perdi de mim.


Sobrevive a calma aparente e os gritos à porta fechada, vozes da minha tormenta quando o ar se vai.

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6 comentários:

P. P. disse...

Que os gritos cessem suavemente, em harmonia.
E um novo dia renasça.

Anónimo disse...

Como sempre é tão bom ler-te minha amiga! A tua escrita está cada vez mais completa.

O conteúdo dói-me particularmente agora que estou longe do meu ar e tu sabes como para mim é difícil estar longe dele, mas tem de ser, alguém tem de trabalhar e eu tenho de descansar... lol lol

Beijoca boa e gostosa, como nós,

Jana

tulipa disse...

MUITO OBRIGADA pela visita que fez ao meu blog.

Sobre as 7 Maravilhas Naturais de Portugal, sabe que eu gostaria de já ter conhecido o local que elege como o merecedor do prémio:
Vale Glaciar do Zêzere!

Deve ser LINDO!!!
pela descrição que faz:
quando o percorri o sol brilhava sob as encostas geladas(certos locais pareciam de vidro). Achei tudo muito mágico :-)

Bom fim de semana.

Anónimo disse...

Bom dia querida,

podes crer que ainda dorme. Já não me lembrava a que sabem as noites loucas de Verão na minha linda cidade.
Chegar a casa pela manhã, quando o sol já se espreguiça e teima despertar, tomar um café forte e um banho gelado para vestir uma roupa mais formal e carregar a cara de maquilhagem para esconder as olheiras... todos os dias a promessa de que não vai ser até de manhã porque tenho de trabalhar cedo mas esqueço-me sempre do que prometi.

E agora tenho a cabeça quase a bater no teclado... :)

Filipa disse...

Amei querida:)

ja nao te lia ui ui ha imenso tempo

saudades de falar cntg

beijoquinhas

Rach disse...

ensina-me a apagar também.
e com a mesma beleza com que tu o fazes!

 
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